Listamos sete itens imprescindíveis para obtenção do sucesso no período de terminação de animais confinados.
Conhecer as boas práticas da operação do confinamento, que envolve uma grande quantidade de animais em pouca área e curto espaço de tempo, é imprescindível. Em artigos anteriores, estas boas práticas foram explicadas, assim como o período de adaptação dos animais. O foco agora é o período de terminação de fato, após a adaptação.
A indústria frigorífica remunera o pecuarista, tradicionalmente, pelo peso da carcaça. Sendo assim, a operação muitas vezes tem como uma das principais métricas de desempenho o ganho em carcaça, não somente o ganho de peso corporal. Quando o animal consegue expressar seu potencial genético, ou de maneira biológica atingir seu ponto ótimo de abate, maior é o peso de sua carcaça, o que muitas vezes é vantagem para a indústria.
Porém, para o pecuarista, esta afirmação nem sempre é verdadeira, já que a ótica que determina a permanência do animal no confinamento é a econômica. Ou seja, na prática, quem manda é o lucro. Desta maneira, conhecer os fatores biológicos e conseguir relacioná-los aos econômicos, pode significar a diferença entre o lucro e o prejuízo.
Como estabelecer o período de terminação pode ser um dos maiores desafios de um confinamento, preparamos sete itens que todo confinador tem que ter em mente na tomada de decisão:
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1. Peso meta de abate
Com base no peso meta de abate, fazemos a conta de quantos dias os animais deverão ficar na terminação. Essa conta é feita com a expectativa de desempenho animal e o histórico de resultados da fazenda.
2. Peso de entrada na engorda
O peso de entrada é muito importante para planejar o período de terminação, já que normalmente animais que entram com peso inferior a 380 kg ficam mais dias no cocho (podendo chegar a 150 dias). Animais que entram na terminação com peso intermediário, entre 380 kg até 420 kg ficam em torno de 100 dias. Animais mais pesados, com o peso superior a 420 kg, normalmente ficam menos de 100 dias no confinamento.
3. Raça do animal e sexo
Outro ponto muito importante para estabelecer o período de terminação é entender as características do animal, assim como sua categoria. Por exemplo: Bois inteiros, possuem grande deposição muscular e bom rendimento de carcaça, podendo trabalhar com mais dias de cocho. Já novilhas e vacas possuem consumo alimentar elevado e rápida deposição de gordura, normalmente trabalhando com esses animais com menos dias de cocho.
4. Escore de condição corporal (ECC) na entrada da engorda
O histórico nutricional do animal também pode interferir na decisão de tempo de terminação. Por exemplo, animais que sempre receberam suplementação, podem apresentar uma tendência a terminar com peso inferior, como no o caso de animais precoces e super precoces. Animais que nunca receberam suplementação ou receberam suplementação baixa ao longo da vida, tendem a ser terminados com peso final superior.
5. Disponibilidade de insumos
A disponibilidade e preço dos insumos também é de fundamental importância na decisão de dias de terminação, pois os preços dos insumos influenciam diretamente na saúde financeira da engorda. Animais em terminação sofrem com qualquer mudança na alimentação, então a terminação deve ser programada para ter o mínimo de variação na dieta.
6. Condições climáticas
As condições climáticas também devem ser levadas em consideração quando se planeja o período de terminação. Se o confinamento tem estrutura para operar na época das águas por exemplo ou, ainda, se existe oferta de forragem na propriedade.
7. Manejo
O manejo e experiência da equipe também devem ser levados em consideração na determinação do período de terminação. Quando se decide fazer a terminação por um longo período de tempo, o manejo deve ser muito consistente para que se tenha sucesso na operação.
Na prática, a equipe técnica da Nutripura ajuda o pecuarista a decidir o ponto ideal de abate. Para fazer essa análise, é utilizado o relatório zootécnico do confinamento na fase final da engorda, o qual consta o Consumo de Matéria Seca (CMS), em quilogramas. Com a informação de quanto o animal está comendo – o CMS – o próximo passo é preencher no programa de formulação as informações da dieta. Com base no ECC dos animais, o peso à maturidade e o CMS, o programa prediz o desempenho esperado. Estas informações, aliadas ao custo operacional do confinamento, permitem uma visão apurada do todo.
Fizemos uma simulação de como fazer as contas para a tomada de decisão
Considerando que na fase final da engorda o ganho de carcaça representa 70% do ganho total, podemos fazer as contas para o seguinte cenário:
Valor de venda do animal: R$ 200,00/@ ou R$ 13,33/kg da carcaça;
Custo por dia do animal (dieta + operacional): R$ 9,00;
Ganho de carcaça por dia: 1 kg;
Temos, então, que o lucro (valor de venda da carcaça x ganho de carcaça por dia – custo por dia do animal) é de R$ 4,33 por dia, ou seja, podemos esperar mais para vender, já que o animal ainda está lucrativo. A partir do momento que ele quase não estiver mais agregando lucro, ou seja, se aproximando de zero, é chegado o momento da venda.
Não existe “receita de bolo” para o sucesso do confinamento. No entanto, seguir as boas práticas e conseguir equilibrar a biologia com conceitos econômicos, faz a diferença no lucro da operação!
Novas tecnologias que auxiliam na tomada de decisão do momento de abate
Desde que o homem passou da caça para a domesticação dos animais, novas tecnologias com o foco em aumentar a produtividade e os ganhos de produção estão sendo desenvolvidas. Com a era digital, os avanços têm sido muito mais rápidos do que antes, e as tecnologias mais precisas. Muitas delas podem auxiliar o produtor na tomada de decisão do momento ideal de abate dos animais.
A ultrassonografia, por exemplo, muito utilizada em outras áreas, pode ser utilizada na pecuária de corte com o objetivo de mensuração da composição da carcaça bovina. Esta técnica, não invasiva e acurada, permite identificar o nível de musculosidade, da gordura de acabamento e do grau de marmorização da carne através da mensuração no animal vivo da AOL (área de olho-de-lombo), EGS (espessura de gordura subcutânea) e MAR (marmoreio).
Além da ultrassonografia de carcaça, ainda com o objetivo de olhar para o indivíduo dentro do todo e otimizar as tomadas de decisão, foram desenvolvidas balanças que ficam dentro das baias de confinamento. Estas balanças permitem a passagem de um animal por vez e são acopladas com sensores que identificam o animal por um brinco eletrônico. Elas costumam ficar no acesso a água dos animais, ou então dividindo a água do acesso a alimentação, para gerar informações diárias dos animais. Acoplado a esta tecnologia de balanças, existem programas que vão desde o auxílio na gestão até a predição do ponto ideal para abate dos animais.
Cochos de alimentação inteligente também podem auxiliar o pecuarista. Esta tecnologia realiza a avaliação da eficiência alimentar, registrando diariamente o consumo de alimento, ganho de peso e demais parâmetros associados ao comportamento de ingestão dos animais. Estes equipamentos geram dados de consumo e de comportamento alimentar. Eles possuem comedouros que ficam apoiados sobre células de carga, possibilitando o registro eletrônico do alimento consumido por cada animal.
O que pode ser medido, pode ser melhorado.
Peter Drucker.
A busca por produzir mais com menos terra, a otimização de processos, controle e maximização do lucro da operação, são os focos das novas tecnologias, que surgem a cada ano e evoluem com velocidade.