Até o momento já construímos que o pasto é composto por perfilhos (unidade básica) os quais apresentam raiz, colmo, folha e inflorescência e como ocorre a dinâmica de desenvolvimento do perfilho que são responsáveis, pelo estabelecimento do IAF (Índice de área foliar).
A dinâmica de desenvolvimento da hierarquia de perfilho que se desenvolve num pasto num período, determina a produção do pasto. Ou seja, a produção de forragem é determinada pela contribuição de cada perfilho e pelo número de perfilhos que constituem a comunidade de plantas.
A persistência desses perfilhos está relacionada com habilidade da planta em manter sua população de perfilhos e da habilidade de perfilhos individuais em manter folhas verdes (estruturas de elevada eficiência fotossintética para a planta e de elevado valor nutritivo ao animal), assegurando contínua renovação de perfilhos e de folhas a partir de plantas desfolhadas.
Como resultado da dinâmica de desenvolvimento dos perfilhos, os componentes dos perfilhos apresentam diferentes distribuição no pasto e arranjos morfológicos, o qual denominamos de ESTRUTURA DO PASTO. A estrutura do pasto, ao mesmo tempo que é afetada pelos fatores abióticos e condições do ambiente, também condicionam respostas de bovinos em pastejo que modificam, por sua vez, sua estrutura. A estrutura do pasto é uma característica central e determinante das respostas tanto de plantas como de bovinos e, por essa razão, possui elevado potencial para uso como referência no estabelecimento de práticas de manejo do pastejo.
Dentre as variáveis usadas para caracterizar a estrutura do pasto, podemos destacar: altura do pasto, número de folhas, tamanho da folha por perfilho, massa de forragem, taxa de acúmulo, participação de folha, colmo, material morto e relação folha-colmo.
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Altura do pasto:
A altura do pasto é medida pela distância do solo até a parte superior do dossel (dobramento das folhas). A altura do dossel apresenta estreita relação com respostas de plantas e animais, de modo que é uma variável, predominante, usada no Brasil a fim de definir as metas de manejo, isto é, determinar condições ideais para entrada e saída de bovinos, em lotação rotativa, ou manter os pastos sob lotação contínua. A manutenção dos pastos nas faixas de alturas recomendadas a cada espécie forrageira, assegura que os pastos tenham estrutura adequada a fim de proporcionar elevadas respostas produtivas e desempenho animal.
Número de folhas e tamanho de folha por perfilho:
O número de folhas vivas por perfilho é uma característica relativamente estável para uma determinada planta/cultivar num determinado período do ano. É o resultado da interação entre a taxa de aparecimento foliar e duração de vida da folha, condição essa que favorece a existência de folhas de diferentes estágios de desenvolvimento em um mesmo perfilho. Pastos adubados com nitrogênio apresentam maiores taxas de alongamento de folhas, o que condiciona a maiores comprimentos de folhas.
Massa de forragem e taxa de acúmulo:
A massa de forragem é definida como a quantidade total de forragem presente por unidade de área acima do nível do solo, sendo uma medida de caráter pontual, normalmente expressa em kg matéria seca por hectare. Já a taxa de acúmulo é o aumento na massa de forragem (crescimento e senescência de tecidos) de uma área de pasto durante um determinado período, por exemplo 28 dias, expressa em kg de matéria seca, por hectare, por dia. A combinação da massa de forragem com a taxa de acúmulo são ótimos pontos de partida na tomada de decisão na condução do pastejo.
Participação de folha, colmo, material morto e relação folha-colmo:
O crescimento vegetal é caracterizado pela emissão e expansão de novas estruturas (folhas e/ou colmos). As folhas verdes dos perfilhos são mais nutritivas e consumidas preferencialmente pelos herbívoros.
A alta relação folha/colmo representa forragem com elevados teores de proteína, digestibilidade e consumo, além de conferir à gramínea melhor adaptação ao pastejo ou tolerância ao corte. A participação de material morto reflete em tecidos foliares que não foram consumidos pelos bovinos. Caso esse valor seja exagerado, indica baixa eficiência de colheita de forragem, visto que a forragem produzida não foi convertida em produto animal. Além disso, o excesso de material morto e dificulta a germinação e/ou rebrota dos perfilhos.
A fim de quantificar, e tornar numérico, as variáveis estruturais vamos usar dados de capim Marandu sem adubação e adubado com 150 kg de N por hectare em lotação contínua, com altura de manejo de 25 cm, pastejado por bovinos de corte.
Pastos de capim Marandu sem adubação observa-se massa de forragem de 5.150 kg de matéria seca por hectare, com 21% de folhas, 16% de colmo, relação folha-colmo de 1.4, 61% de material morto e taxa de acúmulo de 76 kg de matéria seca por hectare, por dia. Já pastos de capim Marandu com adubação de 150 kg de nitrogênio por hectare observa-se massa de forragem de 5.550 kg de matéria seca por hectare, com 33% de folhas, 25% de colmo, relação folha-colmo de 1.5, 42% de material morto e taxa de acumulo de 105 kg de matéria seca por hectare, por dia.
Assim concluímos que pasto é uma comunidade de perfilhos, os quais apresentam uma dinâmica de crescimento que condiciona aos arranjos dos seus componentes no dossel. De conhecimento disso avançamos informando que os pastos estão sob influência da: luz solar, temperatura, precipitação (chuva), fertilidade do solo, estrutura do solo e manejo. Dentre esses seis fatores, podemos agir a fim de potencializar/minimizar cada um deles.
No último texto da série iremos classificar os pastos!
Dr. Fernando Ongaratto e Dr. Guilherme Portes Silva