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O Nelore Jovem e os produtos da indústria de etanol de milho já são uma realidade nos confinamentos brasileiros. Qual desempenho Zootécnico e Financeiro desse novo cenário de Produção?
O modo como se faz a pecuária passa por transformações a todo momento. O Nelore, que era visto a anos atrás como uma raça rústica, mais tardia, pouco produtiva, hoje compete frente a frente com raças europeias, inclusive no quesito qualidade da carne. O perfil dos animais, cada vez mais novos, no estado de Mato Grosso, não é o único que tem mudado. A composição das dietas, com maiores quantidades de subprodutos de indústria de etanol de milho (como o DDG e o WDG por exemplo), e menor quantidade de fibras já são realidades dentro da operação do confinamento.
Agora, como estas mudanças podem impactar o sistema de produção?
Os animais entrarem mais jovens no cocho tem como consequência a redução da idade de abate. Porém animais mais jovens não significa que serão menos “acabados”. Para conseguir alcançar uma carcaça de qualidade mais precoce, o perfil da composição da dieta precisa estar adequado com o objetivo. E foi pensando justamente nisso, que foi montado no Confinamento Pirapó, em Sorriso/MT, uma avaliação com o objetivo de avaliar o planejamento nutricional, peso de maturidade, velocidade de crescimento, composição corporal, peso de carcaça, diluição de ágio da reposição, Breakeven, consumo de matéria seca na fase final, os dias de cocho e qual o ponto de abate ideal: o desempenho zootécnico e econômico desse sistema de produção.. Foram avaliados 405 bezerros Nelore, distribuídos em sete baias, sendo que quatro baias contaram com um perfil de dieta e, as outras três, outro perfil.
Os animais são todos Nelore, jovens, com peso inicial médio de 235 kg e idade de 10 a 11 meses. A proposta inicial era da permanência de 200 dias de cocho, para garantir boa qualidade da carcaça, peso e desempenho.
A composição da dieta também foi avaliada:
Dieta 1: Silagem de milho como volumoso em baixos níveis de inclusão (nível ótimo de FDN volumoso testado no Centro de Pesquisa Nutripura – CPN);
Dieta 2: Sem nenhuma fonte de volumoso (única fonte de fibra foi a torta de algodão).
Ambos os tratamentos tiveram alta inclusão de subprodutos da indústria de etanol de milho (WDG), nível ótimo testado no Centro de Pesquisa Nutripura – CPN).
Ao longo desta série vamos expor os resultados desta avaliação, como foi o desempenho, a eficiência, conversão alimentar, o desempenho zootécnico (ganho de peso, ganho de carcaça, etc.) e também o desempenho econômico, indicador tão importante, pensando na diluição de ágio, peso de carcaça, ponto ótimo e todo o fechamento financeiro do sistema para enxergarmos a lucratividade real – e a oportunidade – que é o Nelore Jovem em confinamento, com dietas de alta inclusão de subprodutos da indústria de etanol de milho e com o mínimo de volumoso (ou FDN forragem) possível para evitar distúrbios metabólicos.
Antônio Neto
Possui graduação em Zootecnia pela Universidade Federal de Lavras (2010), Mestrado em Ciência Animal pela Universidade Federal do Mato Grosso (2012) na área de concentração em Nutrição e Produção de Ruminantes. Doutor em Zootecnia pela Universidade Estadual Paulista – UNESP/Jaboticabal SP (2016), com período sanduíche na University of Nebraska Agricultural Research and Development Center – Lincoln, Nebraska, EUA (2015), com ênfase na utilização de subprodutos da indústria do Etanol na alimentação animal. Possui experiência em Nutrição e Produção Animal, com ênfase na Avaliação de Alimentos e Formulação de Dietas para bovinos de corte a pasto e confinamento. Atualmente é Supervisor Técnico e Comercial em Nutrição Animal, Manejo de Pastagens e Gestão de Sistema de Produção na empresa NUTRIPURA – Nutrição Animal e Pastagens.