Meta-descrição: Com orientação técnica adequada, uma boa nutrição animal pode garantir precocidade e ganho de peso em todas as fases de vida do animal
A pecuária de corte é uma atividade que exige planejamento, gestão e monitoramento constantes, por parte do produtor. Esses fatores serão determinantes na definição do lucro e rentabilidade produtiva, visto que o investimento realizado terá resultados a médio prazo e está sujeito a oscilações no mercado de compra e venda.
A nutrição do rebanho é uma das categorias dentro do sistema de produção que requer mais atenção, pois influencia em todas as fases – cria (crescimento), recria (desenvolvimento) e engorda (terminação). Por isso, é importante que o produtor entenda que o manejo alimentar é diferente em cada uma dessas fases e a correta combinação terá impacto positivo no ganho de peso e, consequentemente, no lucro.
Além disso, o pecuarista deve avaliar qual sistema – confinamento, semiconfinamento ou pasto – será mais viável economicamente para sua propriedade, reforçando que o principal objetivo da suplementação será sempre o de corrigir ou equilibrar a deficiência de nutrientes da forragem ofertada.
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Como é feita a alimentação em cada etapa?
Antes de mais nada é preciso destacar que a melhor nutrição alimentar para bovinos dependerá da fase de vida em que o animal está. As etapas de cria, recria e engorda exigem quantidades equilibradas de proteínas, fibras, carboidratos e minerais, a fim de proporcionar um desenvolvimento saudável e o acabamento ideal para o mercado.
Cria – É focada na alimentação dos bezerros, além das vacas em reprodução e reprodutores. De acordo com recomendações técnicas do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), esse período se destaca por representar 50% do peso final de abate já que registra a melhor conversão alimentar.
Uma recomendação de manejo é iniciar a suplementação dos animais na época da seca, após a desmama, ou ainda, utilizando o sistema creep-feeding.
Essa técnica consiste em oferecer suplementos aos bezerros, ainda na fase de lactação, de forma que sejam desmamados precocemente. Nesse caso, a recomendação é fornecer uma dieta de concentrado com alto teor de energia, proteína bruta e Nitrogênios Digestíveis Totais (NDT).
Recria – Essa etapa compreende o período final de desmama até a fase em que o novilho está pronto para terminação, por isso, o peso é um dos principais fatores de monitoramento. Especialistas avaliam que nesse estágio, os novilhos apresentam boa conversão alimentar e é uma oportunidade de investir no pastejo.
Mas, atenção, para que o animal obtenha maior aproveitamento dos nutrientes, índice de crescimento e ganho de peso é necessário investir na produção de pasto com alta qualidade nutricional. Uma das indicações de suplementação na recria consiste em oferecer pasto adubado, com sal mineral, ou concentrado energético de baixo consumo.
Terminação/engorda – Trata-se da fase na qual os esforços são direcionados para o animal alcançar peso e acabamento de carcaça (marmoreamento) requeridos pelo mercado. Vale destacar que esse é o momento no qual o ganho de peso diário e a conversão alimentar diminuem, portanto o manejo deve aliar maiores porções de volumoso e concentrado.
Com esse entendimento, o sistema de confinamento é apresentado como uma opção de terminação em menor período, porém, exige maior investimento em instalações e maquinários. O lado positivo é o controle de consumo eficiente do rebanho, colaborando para identificação de ajustes na dieta e, consequentemente, influenciando em carcaças padronizadas e com melhor acabamento.
Alimentos utilizados na nutrição do rebanho
Muitas propriedades rurais produzem internamente seu alimento volumoso, por isso a sugestão feita pela nossa equipe técnica é de que os responsáveis avaliem fatores como espaço para produção, maquinário, mão-de-obra e recursos financeiros. Dessa forma, é possível mensurar quanto será investido e comparar com o custo do produto vendido no mercado.
Confira as opções de volumosos mais utilizados na nutrição animal de bovinos de corte e suas principais particularidades:
– Milho: em razão da alta qualidade nutricional, o cereal diminui custos com concentrado e apresenta boa qualidade de fermentação;
– Sorgo: apresenta menor valor nutricional do que o milho, porém, é mais adequado em regiões com ocorrência de veranicos frequentes, menor índice de pluviosidade e próximas a áreas urbanas;
– Capim: o valor nutricional é variável, mas, em menor percentual que o milho e o sorgo. Em contrapartida, permite aproveitamento do excesso de produção de pastagens (período das águas) na forma de material ensilado;
– Cana-de-açúcar: exige menos tratos culturais, além de registrar alta produção e durabilidade. Contudo, por apresentar menor qualidade nutricional exige maior quantidade de concentrado e a silagem necessita de aditivos microbianos.
Além das opções citadas, é possível investir em outros alimentos que apresentam qualidade comprovada na nutrição animal. São eles: caroço e farelo de algodão, casca de soja, polpa cítrica e bagaço de cana-de-açúcar.
Suplementação com sal mineral
O sal proteinado é uma alternativa indicada pelos especialistas em razão do custo-benefício obtido quando existe boa disponibilidade de pastagens. A suplementação conjunta possibilita bons ganhos de peso diário.
Os pontos de atenção sobre esse suplemento é de que seja fornecido em baixa quantidade e pelo menos, duas vezes por semana. Como a ingestão pode variar de acordo com a aceitação dos animais, é necessário monitorar o consumo com maior frequência possível. Dessa forma, evita-se desperdício e o produtor terá mais precisão na quantidade de produto a ser adquirido.
Utilização de concentrado
Os interessados em utilizar o concentrado na propriedade devem levar em conta dois conceitos: o custo mínimo e o custo da arroba produzida.
No primeiro é calculado o menor custo de tonelada de matéria seca, por nível nutricional. Já no segundo modelo, são formuladas e comparadas várias dietas, a fim de escolher a opção que registre menor custo de produção em uma arroba de carcaça.
As informações obtidas auxiliarão na tomada de decisão quanto a melhor ração para os bovinos, assim como quais ingredientes serão utilizados, quantidade de oferta diária por animal, tempo de confinamento e custo da arroba produzida. Além disso, ter dados do valor nutricional da maior variedade de alimentos possível, aumenta as chances de encontrar fórmulas com menor custo.
Outra recomendação feita pelos especialistas é estipular um período de adaptação para animais que nunca tiveram acesso a rações concentradas ou com percentual acima de 30% (em base seca). O período informado é de duas a quatro semanas, no qual será aumentada gradualmente a quantidade de ração.
Alimentação de qualidade exige muita técnica
A nutrição animal é comprovadamente um dos fatores mais importantes da produção de gado de corte, já que determinará a saúde e qualidade do rebanho. Como vimos, necessita de planejamento, conhecimentos técnicos e estratégias, responsáveis pelo aumento nos lucros da atividade pecuária.
Considerando que a alimentação representa 70% dos custos de produção na pecuária de corte, é fundamental identificar quais opções são mais acessíveis ao produtor e quais as melhores aplicações, em termos técnicos. Dessa forma, o setor produtivo e a sociedade serão beneficiados com ganhos qualitativos e sustentáveis na produção da matéria-prima.
E aí produtor, quais opções de nutrição animal são mais compatíveis com sua atividade?