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Conheça sua importância histórica e nutricional
O alimento favorito dos brasileiros, a carne vermelha, é consumida pelo ser humano desde a era pré-histórica, sendo então, sua principal fonte de alimento.
Uma das características que diferencia os seres humanos de outros animais é o tamanho relativo do cérebro humano, que é o maior no reino animal. Devido a este fato, este órgão consome muita energia. Ele representa cerca de 2% do peso corporal e consome cerca de 20% do oxigênio e glicose de nosso organismo. Na era pré-histórica, isto representava uma ameaça para nossa espécie, uma vez que era necessário coletar e caçar os alimentos. A carne vermelha, em 100g, pode conter mais de 250 kcal, enquanto uma fruta (100g) contém entre 50-100 kcal. Ou seja, o consumo de alimentos de origem animal foi um dos principais fatores para a preservação de nossa espécie.
Com o início da agricultura e a domesticação de animais, o desenvolvimento da pecuária esteve atrelado ao desenvolvimento da humanidade.
Ao longo dos séculos, a dieta humana sofreu diversas mudanças e adaptações. S. Boyd Eaton e Melvin J. Konner, da Emory University, publicaram um artigo no New England Journal of Medicine intitulado “Nutrição Paleolítica”, no qual os pesquisadores argumentam que a prevalência de muitas das doenças crônicas (como a diabetes, obesidade, hipertensão e doenças coronárias) nas sociedades modernas seriam o resultado da incompatibilidade entre o que comemos hoje e o tipo de dieta que nossa espécie desenvolveu para se alimentar, com nossos ancestrais, caçadores-coletores.
Graças aos avanços da medicina e às análises comparativas de diferentes populações e seus hábitos alimentares, sabemos que os humanos evoluíram não para subsistirem com uma dieta paleolítica única, mas para desfrutarem de um padrão alimentar mais diversificado.
Agora que sabemos a importância histórica da carne vermelha, vamos discutir a sua importância nutricional.
Carne bovina faz bem para a saúde?
Sim, sem sombra de dúvidas! A carne bovina contém elevado teor de proteínas de alto valor biológico, ou seja, ricas em aminoácidos essenciais, além de ser rica em ferro, zinco e outros minerais. É rica em vitaminas, especialmente as vitaminas do complexo B e ácidos graxos essenciais, contribuindo para uma vida saudável. Entre os vários benefícios do consumo de carne bovina, iremos destacar três elementos:
PROTEICO: Para entender sobre a qualidade das proteínas das carnes, é preciso entender o conceito de valor biológico. Valor biológico é a escala de graduação usada para determinar se determinada fonte nutricional é usada por um organismo com determinada eficiência, com destaque para o corpo humano. É uma escala particularmente aplicada na comparação de proteínas para a nutrição humana. Quanto maior for o valor biológico, mais aminoácidos e nitrogênio o organismo irá reter. Portanto, a proteína da carne vermelha possui alto valor biológico, por ser rica em aminoácidos essenciais. A maioria dos alimentos vegetais são relativamente pobres em proteínas. Alguns vegetais, como a soja, por exemplo, podem ter um teor proteico elevado, mas pobres em aminoácidos essenciais e, portanto, de baixo valor biológico.
FERRO: O corpo humano não possui capacidade para armazenar o ferro proveniente dos alimentos para ser utilizado posteriormente. Portanto, todo o ferro ingerido em excesso, será eliminado através das fezes, o que justifica a importância de sua ingestão diária. A carne bovina é excelente fonte de ferro, devido às mioglobinas (nas carnes, a mioglobina é o principal pigmento que confere cor), sendo que a biodisponibilidade do ferro presente nas carnes é superior a de alguns vegetais escuros e leguminosas, facilitando sua absorção pelo organismo humano. A recomendação diária de ferro é de 10 mg para homens e 15 mg para mulheres. A carne bovina oferece, em geral, 5 mg de ferro para cada 100g de carne.
VITAMINAS DO COMPLEXO B: O complexo B reúne vitaminas que são indispensáveis para qualquer pessoa. Ele é responsável por transformar o alimento em energia. Esse nutriente também age no auxílio da defesa do organismo. Além disso, auxilia no funcionamento do sistema nervoso, garantido um melhor desenvolvimento para as funções do coração, dos olhos e da pele. Para aqueles que praticam atividade física rotineiramente, o complexo B trabalha no combate aos radicais livres. As vitaminas que compõem o complexo B são: B1 (Tiamina), B2 (Riboflavina), B3 (Niacina), B5 (Ácido pantatênico), B6 (Piridoxina), B7 (Biotina), B9 (Ácido Fólico) e B12 (Cobalamina). Esta última, a B12, merece maior destaque, já que sua principal fonte são os alimentos de origem animal, sendo uma das principais deficiências em pessoas vegetarianas.
Dieta rica em proteínas aliada a exercícios físicos diários, melhora a composição corpórea, reduz os triglicerídeos e mantém os níveis do bom colesterol no sangue. A ingestão de carnes também estimula a síntese proteica pelo organismo, tanto em jovens quanto nos idosos, de ambos os sexos. Além disso, o consumo de carnes tem sido associado a melhor resistência e força nas atividades físicas e aumento de massa muscular em pessoas idosas, contribuindo significativamente para uma melhor qualidade de vida.
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Cristiano Sales Prado
Possui graduação em Medicina Veterinária pela Universidade Federal de Minas Gerais (1992), Mestrado em Medicina Veterinária pela Universidade Federal de Minas Gerais (1996) e Doutorado em Tecnologia de Alimentos pela Universidade Estadual de Campinas (2005). É professor associado na Escola de Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Goiás (UFG). Atualmente ocupa o cargo de Subcoordenador do Centro de Pesquisa em Alimentos (CPA) da Escola de Veterinária e Zootecnia da UFG. Tem experiência na área de Medicina Veterinária, com ênfase em Inspeção e Tecnologia de Produtos de Origem Animal, atuando principalmente nos seguintes temas: qualidade da carne, inspeção e tecnologia de carnes, características de carcaça, grupos genéticos e higiene alimentar.
REFERÊNCIAS:
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