Qual a importância da carne bovina em nosso organismo?
Conteúdo
Nosso sistema imunológico
Existe uma conexão entre a nutrição e a imunidade, principalmente entre os idosos. É o que mostra a publicação da Universidade de Harvard “How to boost your immune system” ou em tradução livre “Como turbinar seu sistema imune”.
Conforme nós envelhecemos nossa capacidade de resposta imune diminui, o que, por sua vez, nos torna mais susceptíveis a contrair infecções, como o caso das respiratórias, seja o vírus da gripe, COVID-19 ou pneumonia – estão entre as principais causas de morte de pessoas com mais de 65 anos, em todo o mundo – e até mesmo o desenvolvimento de câncer. Não se sabe ao certo o mecanismo que leva a esta redução da capacidade do sistema imunológico, mas, conforme, alguns cientistas observaram, o aumento do risco se correlaciona com a redução da quantidade de células T, possivelmente pelo atrofiamento do timo com a idade avançada.
Mas não são só pessoas com idade avançada que podem ter o sistema imunológico comprometido. A desnutrição pode afetar qualquer um. Uma forma de desnutrição surpreendentemente comum, mesmo em países mais desenvolvidos, é conhecida como desnutrição por micronutrientes, na qual o indivíduo apresenta a deficiência de algumas vitaminas essenciais e/ou minerais. Dietas com menor variedade ou pouca quantidade são um dos principais motivos da deficiência.
“Como qualquer força de combate, o exército do sistema imunológico marcha sobre seu estômago e guerreiros saudáveis precisam de um alimento bom e regular.”
Ainda, categoricamente, é exibido no artigo da Universidade de Harvard, que existem evidências científicas de que várias deficiências de micronutrientes – por exemplo, deficiências de zinco, selênio, ferro, cobre, ácido fólico e vitaminas A, B6, C e E – alteram as respostas imunes em animais, conforme ensaios laboratoriais, e que a semelhantes respostas imunes em humanos estão sendo avaliadas.
No auge do COVID-19 na Europa, no Evenning Express do Reino Unido, o Professor Philip Calder da Universidade de Southampton é enfático e direto em afirmar que a carne é importante como uma boa fonte de nutrientes como ferro e vitamina B12; portanto, as pessoas que não comem carne devem considerar o uso de suplementos.
“A situação atual do COVID-19 mostra que não podemos confiar apenas em vacinas para limitar o impacto de infecções respiratórias, melhorar nossa nutrição é um passo muito simples que todos podemos dar para ajudar nosso corpo a lidar com infecções e limitar o surgimento de novas cepas de vírus mais virulentas”. (Calder, 2020)
Carne bovina faz bem para a saúde?
Sim, sem sombra de dúvidas! A carne bovina contém elevado teor de proteínas de alto valor biológico, ou seja, ricas em aminoácidos essenciais, além de ser rica em ferro, zinco e outros minerais. É rica em vitaminas, especialmente as vitaminas do complexo B e ácidos graxos essenciais, contribuindo para uma vida saudável. Entre os vários benefícios do consumo de carne bovina, iremos destacar três elementos:
PROTEICO: Para entender sobre a qualidade das proteínas das carnes, é preciso entender o conceito de valor biológico. Valor biológico é a escala de graduação usada para determinar se determinada fonte nutricional é usada por um organismo com determinada eficiência, com destaque para o corpo humano. É uma escala particularmente aplicada na comparação de proteínas para a nutrição humana. Quanto maior for o valor biológico, mais aminoácidos e nitrogênio o organismo irá reter. Portanto, a proteína da carne vermelha possui alto valor biológico, por ser rica em aminoácidos essenciais. A maioria dos alimentos vegetais são relativamente pobres em proteínas. Alguns vegetais, como a soja, por exemplo, podem ter um teor proteico elevado, mas pobres em aminoácidos essenciais e, portanto, de baixo valor biológico.
FERRO: O corpo humano não possui capacidade para armazenar o ferro proveniente dos alimentos para ser utilizado posteriormente. Portanto, todo o ferro ingerido em excesso, será eliminado através das fezes, o que justifica a importância de sua ingestão diária. A carne bovina é excelente fonte de ferro, devido às mioglobinas (nas carnes, a mioglobina é o principal pigmento que confere cor), sendo que a biodisponibilidade do ferro presente nas carnes é superior à de alguns vegetais escuros e leguminosas, facilitando sua absorção pelo organismo humano. A recomendação diária de ferro é de 10 mg para homens e 15 mg para mulheres. A carne bovina oferece, em geral, 5 mg de ferro para cada 100g de carne.
VITAMINAS DO COMPLEXO B: O complexo B reúne vitaminas que são indispensáveis para qualquer pessoa. Ele é responsável por transformar o alimento em energia. Esse nutriente também age no auxílio da defesa do organismo. Além disso, auxilia no funcionamento do sistema nervoso, garantido um melhor desenvolvimento para as funções do coração, dos olhos e da pele. Para aqueles que praticam atividade física rotineiramente, o complexo B trabalha no combate aos radicais livres. As vitaminas que compõem o complexo B são: B1 (Tiamina), B2 (Riboflavina), B3 (Niacina), B5 (Ácido pantatênico), B6 (Piridoxina), B7 (Biotina), B9 (Ácido Fólico) e B12 (Cobalamina). Esta última, a B12, merece maior destaque, já que sua principal fonte são os alimentos de origem animal, sendo uma das principais deficiências em pessoas vegetarianas.
A essencialidade do consumo de proteína de origem animal – principalmente carne – aos humanos é reconhecida mundialmente e repetidamente defendida pelos mais renomados cientistas da nutrição e da evolução humana, profundamente entendida pelos antropólogos como vital e crucial para evolução da espécie humana. De acordo com Willians e Hill (2017), caçar carne foi um passo crítico em toda a evolução humana, um elemento essencial cerebral importante na carne é a vitamina B3 / nicotinamida.
O suprimento de carne e nicotinamida aumentou constantemente a partir da origem dos antepassados humanos e permitiu cérebros cada vez maiores, o que culminou na evolução de 3 milhões de anos do Homo sapiens e em nosso atual sucesso intelectual e demográfico. Corroborando com o renomado Centro de Antropologia da Universidade da Califórnia, em que afirmaram que os antepassados dos humanos que vagavam pelas savanas secas e abertas da África há cerca de 2 milhões de anos começaram rotineiramente a incluir carne em suas dietas para compensar um sério declínio na qualidade dos alimentos vegetais (BROOM, 1999).
Além da excelente fonte de proteína, a carne possui um alto teor de minerais, como:
- Cálcio: essencial para o crescimento ósseo e desenvolvimento muscular;
- Selênio: essencial para uma série de reações vitais do organismo humano;
- Fósforo: essencial para crescimento e manutenção do corpo humano;
- Zinco: importante estimulador do sistema imunológico. certos tipos de células imunológicas, incluindo glóbulos brancos, não podem funcionar sem zinco. (MAARES; HAASE, 2016)
Assim, a importância do consumo de proteína animal para a evolução e para nutrição humana é inquestionável, mas o que recentemente tem sido aprofundado cientificamente são os ganhos ao sistema imunológico humano pelo consumo rotineiro de alimentos de origem animal.
Estudos mais recentes, ainda sem ampla comprovação e longe da unanimidade, já sugerem fontes saturadas como “doadoras” de cadeia de carbono, importantes na formação de órgãos vitais, como os pulmões. Considerando que o COVID-19 tem uma afinidade pelos pulmões e os pulmões não podem funcionar sem gorduras saturadas, portanto, sugerindo o consumo de gordura de origem animal, e que se evite as gorduras e óleos industriais de origem vegetal, como óleo de canola, óleo de soja ou óleo de milho (Kohut, 2020).
Assim, todos podemos colaborar com as recomendações realizadas pela World Health Organization sobre o consumo de proteína animal, com o objetivo de manter a nutrição saudável em tempos de pandemia. A UNICEF, que traz em suas publicações oficiais dicas nutricionais e de envolvimento de crianças no preparo – “Fácil, Acessível e Saudável” – para uma alimentação das famílias na quarentena, recomenda dar preferência ao consumo de produtos frescos, quando possível, assim como o consumo de proteína e lipídeos de origem animal e redução dos produtos processados.
Carne na Mesa
Foi justamente pensando na importância desta proteína, e na dificuldade de se alimentar fora de casa diante da crise causada pela COVID-19, que a Nutripura está ajudando centenas de famílias e pessoas autônomas de Mato Grosso que enfrentam desafios enormes para manterem sua fonte de renda.
O consumo de carne bovina por essas pessoas diminuiu, e nós da Nutripura, sabemos que a falta dessa importante proteína no organismo pode ser prejudicial à saúde.
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Autores:
Angelo Polizel Neto
Médico Veterinário pela Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá – MT, com estágios em Produção de Bovino de Corte, inclusive no Sul da Austrália; Mestrado e Doutorado em Zootecnia, área de Produção Animal e Tecnologia de Produto de Origem Animal, pela Faculdade de Medicina Veterinária de Zootecnia – UNESP, Botucatu – SP. Atualmente é Professor Associado do Curso de Zootecnia, da Universidade Federal de Rondonópolis, atua principalmente nos seguintes temas: Produção Bovinos de Corte, Sanidade Animal, Bem Estar Animal, Inspeção e Tecnologia de Produtos de Origem Animal, com ênfase a Carcaça e Carne Bovina. Foi Coordenador do Curso de Medicina Veterinária da UFMT/Sinop, gestão 2014/2016; e Conselheiro do CRMV-MT, gestão 2014/2017 e 2017/2021. Fundador do iBeef.
Cristiano Sales Prado
Possui graduação em Medicina Veterinária pela Universidade Federal de Minas Gerais (1992), Mestrado em Medicina Veterinária pela Universidade Federal de Minas Gerais (1996) e Doutorado em Tecnologia de Alimentos pela Universidade Estadual de Campinas (2005). É professor associado na Escola de Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Goiás (UFG). Atualmente ocupa o cargo de Subcoordenador do Centro de Pesquisa em Alimentos (CPA) da Escola de Veterinária e Zootecnia da UFG. Tem experiência na área de Medicina Veterinária, com ênfase em Inspeção e Tecnologia de Produtos de Origem Animal, atuando principalmente nos seguintes temas: qualidade da carne, inspeção e tecnologia de carnes, características de carcaça, grupos genéticos e higiene alimentar.
Pedro Silvestre de Lima
Vivo a pecuária desde que nasci. Já fui monitor do curso Especialização em Nutrição de Ruminantes e Pastagens da ESALQ/USP durante dois anos e meio, trabalhei com consultoria técnica, empreendedorismo, mercado e inovação na pecuária de corte. Hoje atuo no fomento e disseminação de informações úteis e relevantes, com foco no lucro sustentável para o produtor rural.
Referências:
GEISSLER, C. SINGH, M. Iron, meat and health. Nutrients 2011;3(3):283-316.
COLMENERO, F.J.; CARBALLO, J.; COFRADES, S. Healthier meat and meat products: their role as functional foods. Meat Science, v. 59, p. 5-13, 2001.
HARARI, Yuval Noah. Sapiens. 48. ed. Brasil: Lpm, 2014.
MATTSON, F.H.; GRUNDY, S.M. Comparison of dietary saturated, monoinsaturated and polyunsaturated fatty acids on plasma lipids and lipoproteins in man. J. Lipid Res., v. 26, p. 194-197, 1985.
ROMANS, J.R.; COSTELLO, W.J.; CARLSON, W.J.; GREASER, M.L.; JONES, K.W. The meat we eat. Danville, IL. Interstate Publisher, 1994.
ABGARIAN, A. Coronavirus UK: 10 foods and vitamins to help boost your immune system. Metro, 2020. [Acesso em: 25 de abril 2020]. Disponível em: https://metro.co.uk/2020/03/16/foods-vitamins-help-boost-immune-system-12403799/
CALDER, P. Eating varied diet will help body fight Covid-19, says scientist. [Acesso em: 25 de abril 2020]. Disponível em: https://www.eveningexpress.co.uk/news/eating-varied-diet-will-help-body-fight-covid-19-says-scientist/
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