Engordar o boi não é tarefa fácil, mesmo assim Mato Grosso é destaque quando falamos de produção de gado de corte. Com mais de 31 milhões de cabeças, o estado mostra que a pecuária é uma atividade lucrativa, independente do modelo produtivo adotado. O confinamento é uma atividade que permite produzir mais em menos área, por isso a produção nesse modelo vem aumentando a cada ano. No consolidado de 2020, o número de animais confinados no estado chegou a 822.633 cabeças (Dados: Imea).
Este modelo produtivo é de alto nível tecnológico e exige planejamento e por isso tem maior potencial de lucro. Entretanto, possuir um confinamento não é tarefa simples e exige controle dos custos, e é sobre eles que falaremos hoje neste artigo.
Caso você esteja pensando em iniciar nesse modelo produtivo, indico esse artigo que já escrevemos e lá você encontrará dicas de como montar um confinamento do zero.
Agora vamos para a parte difícil, analisar quais os principais custos de um confinamento, atividade que permite o aumento produtivo do rebanho, além do melhor aproveitamento do animal. Para entendermos melhor quais são os custos de um confinamento, vamos dividi-los em Custos Fixos e Custos Variáveis.
Conteúdo
CUSTOS FIXOS
Os Custos Fixos são aqueles que não oscilam proporcionalmente com o aumento ou redução do número de animais. Como por exemplo podemos citar os maquinários, instalações (como barracões para armazenamento da ração), benfeitorias e outros itens necessários para o bom funcionamento.
Mesmo antes de iniciar um confinamento é preciso pensar nos custos, pois um bom planejamento e dimensionamento das construções devem ser realizados de forma que não encareça os custos fixos da operação. É preciso dimensionar a estrutura de maneira que supra as necessidades iniciais da operação, mas é importante pensar em ampliações futuras. Contudo, se houver um sub dimensionamento pode haver aumento nos custos operacionais, se houver um superdimensionamento haverá aumento nos custos fixos, além de maior desembolso financeiro. Abaixo citamos alguns exemplos:
- Maquinários (trator, distribuidor de ração);
- Instalações do confinamento (cochos, bebedouros, encanamento, porteiras, etc.);
- Benfeitorias (barracão de ração, centro de manejo, instalações administrativas, farmácia animal, etc.)
- Mão de Obra;
- Terra e pastagem;
- Depreciação.
Nos custos com as instalações, por exemplo, deve-se planejar de forma antecipada qual o melhor tipo de confinamento para sua realidade, podendo ser o confinamento a céu aberto, parcialmente coberto ou em galpão fechado. Podemos comparar o confinamento de galpão fechado com o de céu aberto. O galpão fechado demandará um desembolso maior para sua construção, já que por ser fechado utiliza maior número de materiais que o de céu aberto, como estrutura metálica para telhado e telhas, por exemplo. Esse valor que foi utilizado para a construção poderia ser alocado como capital de giro. Além disso, o custo com essas benfeitorias pode aumentar o custo fixo do confinamento.
Para finalizar, nessa categoria ainda estão enquadrados outros itens como a energia elétrica, telefone e combustível. Todos esses custos são diluídos pelo número de cabeças, ou seja, a medida em que se aumenta o número de animais confinados, menor é o custo fixo desse animal.
CUSTOS VARIÁVEIS
Quando falamos dos Custos Variáveis, nos referimos aos dois maiores custos de um confinamento, a aquisição do animal e a ração. Esses dois itens podem representar até 85% do custo total da produção. Lembrando que essa representatividade pode ser ainda maior a depender da disponibilidade de animais de reposição e também de insumos.
-
AQUISIÇÃO DO GADO (REPOSIÇÃO ANIMAL)
A compra do gado, geralmente, é o maior custo dentro de um confinamento. Esse valor ainda pode sofrer aumento de acordo com a raça escolhida para confinar. Animais que tem em sua genética um maior potencial produtivo, possuem valor mais elevado quando comparado a outras raças.
É importante que haja planejamento e boa negociação na hora da aquisição dos animais, mas lembre-se, não adianta pagar barato em um animal que não dará o retorno esperado.
Em alguns casos, mesmo com fornecimento alto de ração de boa qualidade os animais não respondem como esperado e acabam ficando mais tempo confinados e onerando mais ainda os custos. Fique atento, comprar o animal mais barato é bom, mas se o animal não engordar no tempo previsto, ou seja, não der o retorno esperado, o barato saiu caro. O contrário também é verdadeiro, um animal com genética de alto potencial produtivo, mas com alimentação de baixa qualidade não desempenha de acordo com o esperado.
Além disso, independente da raça escolhida, outro fator relacionado ao animal que pode interferir nos custos é a fase que o animal se encontra, podendo ser, por exemplo, bezerro de ano, garrote ou boi magro. Por isso, é importante que além de uma pré-análise de qual a melhor raça escolher é necessário planejar a idade que o animal entrará em confinamento na sua propriedade e com que idade esse animal sairá para o abate. Perceba, todos esses fatores estão interligados e farão a diferença no custo de aquisição.
-
ALIMENTAÇÃO ANIMAL
Sem dúvida, o segundo maior custo variável dentro do confinamento está relacionado a nutrição animal. A composição da ração pode variar, mas o preço dos insumos é motivo para ter cuidado em qualquer propriedade. E é por isso que o planejamento adequado da ração é tão importante.
Ingredientes como soja, milho e sorgo sofrem variação de custos por vários fatores, como quebra ou super safra, aumento da demanda e também do frete. Contudo, existem algumas possibilidades de baratear o custo da aquisição desses insumos, como o fechamento de carga e a compra antecipada ou a proteção no mercado financeiro. Além disso, precisamos incluir na conta o custo do volumoso, que podem ser silagem de milho, silagem de soja e silagem de capim.
Lembrando que a composição da ração pode variar com a idade do animal e com o tempo que pretende manter o gado confinado. Por isso, pequenos erros no balanceamento da dieta e na escolha das fontes dos nutrientes podem resultar em custos mais elevados no ciclo final da engorda.
Além disso, o acompanhamento diário do confinamento permite o monitoramento adequado da dieta. É necessário avaliar se o animal está deixando alimento no cocho, o tamanho das partículas da ração, se os ingredientes oferecidos tem boa qualidade e se a mistura desses ingredientes está homogênea. Ainda, é possível acompanhar as sobras nos cochos e com isso ajustar a quantidade fornecida.
Como já vimos, o manejo nutricional é um dos pilares da pecuária e por isso é necessário ser realizado de maneira correta. Por isso criamos um artigo para te ajudar a entender melhor sobre o assunto e você o encontra aqui.
Ainda, existem outros custos variáveis que devem ser considerados como o manejo sanitário, manejo de identificação, impostos variáveis entre outros custos variáveis.
É importante ressaltar que o planejamento é seu maior aliado no confinamento. Adotar práticas que permitam a chegada dos animais de forma coordenada no confinamento, época de entrada dos lotes e lotes mais homogêneos permite que se faça mais rodadas no confinamento reduzindo o custo fixo por animal e por consequência, o custo total por cabeça.
Por isso, para o sucesso no confinamento é necessário que haja uma boa gestão. Tudo deve ser controlado e planejado. Dessa maneira você evita cometer alguns erros. E se você quer saber quais são os principais erros cometidos no confinamento nós já escrevemos um artigo falando sobre: Confinamento: 06 erros mais comuns.
Se gostou das dicas desse artigo e quer saber mais, entre em contato conosco preenchendo os dados abaixo e enviaremos o nosso e-book exclusivo Confinamento: Boas práticas para o sucesso da operação.
CARLA FERREIRA PIALA
Sou Engenheira Agrônoma pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e desde que me formei minha missão é promover uma pecuária mais lucrativa.