Por Marianne Tufani, consultora de Hedge da StoneX Pecuária Brasil
Lembra quando o boi gordo era uma reserva de valor? O boi era colocado no pasto e por lá ficava 4, 5 anos valorizando. Mas, há anos esse cenário mudou, principalmente após a criação do plano real. O que antes era “controlável”, hoje nos deparamos com um mercado soberano, exigente, volátil e com muitos riscos na mesa.
Isso siginifica que, você pecuarista, teve (e tem!) que adaptar-se, tecnificar o negócio e adequar-se ao mercado consumidor. E quando falamos em mercado consumidor não são mais só os padrões nacionais, mas também os internacionais. É precocidade, é sustentabilidade, é sanidade, é rastreabilidade, enfim, diversos fatores que vocês, que são os experts e conhecem muito bem, estão todos os dias trabalhando para serem os mais eficientes.
Bom, sabe o mercado soberano que estamos lidando hoje? Então, esse pode nos ser favorável, mas também pode nos perseguir e é quando não perdoa! Muitas vezes, esse trabalho árduo dentro da porteira pode vir por água abaixo se não é feito uma boa comercialização, garantindo a sua rentabilidade.
Não precisamos ir muito longe para termos um exemplo claro de como o mercado pode ser traiçoeiro, diante de riscos que em tese “seriam impossíveis, pois a arroba pode subir mais”. Lembra dos casos da vaca louca atípica em setembro de 2021?
Independente do motivo, o cenário era aquele: em um mês a arroba física em Mato Grosso caiu 17%, indo para os patamares de R$ 241,73/@.
Quem não estava protegido acabou se prejudicando, uma vez que as margens ficaram negativas. Muitos tiveram que entregar animais, outros voltaram animais para o pasto… enfim, tentaram diminuir o prejuízo. Mas e aqueles que fizeram hedge da arroba? Como ficaram?
Primeiramente, temos que deixar claro que aquele que estava protegido não tinha bola de cristal, mas ele estava preparado, pois possui um pensamento no qual, independente para onde o mercado vá, ele já garantiu a sua rentabilidade.
Ou seja, ele se protegeu e tirou a dependência da variação do mercado e de seus riscos.
ISSO É O CHAMADO: HEDGE.
Gostaria de deixar claro que o hedge é a proteção do ativo físico. Isso significa que esta operação tem como finalidade de fato a PROTEÇÃO e não ESPECULAÇÃO. Esta segunda é muitas vezes o que traz medo ao pecuarista que alguma vez fez uma operação SOMENTE financeira e saiu perdendo. No hedge não há este perigo, pois ele não tem como objetivo ganhar dinheiro na bolsa. Em outras palavras:
- Se o físico estiver caindo, você estará coberto pelo hedge.
- Se o físico estiver subindo, você não precisará ativar seu hedge.
Resultado? Proteção da rentabilidade.
Vamos a um caso real de hedge que fizemos aqui na StoneX:
Notem que o valor final não foi R$ 315,00 do piso negociado, pois quando estamos em outras praças temos o diferencial de base em relação a São Paulo, onde os preços da bolsa (onde se faz o hedge) é referente.
De qualquer forma, este pecuarista recebeu pela arroba R$ 308,90 enquanto aqueles que não estavam protegidos em sua praça receberam R$ 256,50. O pecuarista que fez hedge recebeu no mesmo período 20,4% a mais.
OUTROS CENÁRIOS DESTA OPERAÇÃO DE HEDGE – E se no mercado não tivesse acontecido esse desastre e ficasse estável, nos patamares de R$ 318 como a bolsa indicava em meados de agosto? Ele só teria investido o valor de R$ 4,95/@ do seguro e isso seria até o nível do teto dele de R$ 350,00/@.
Esse é exatamente o racional que fazemos com seguro de carro: pagamos um valor para caso o pior cenário aconteça (que é bater o carro) nós sejamos ressarcidos e ainda torcemos para que isso não aconteça. Fora que se dirigíssemos com o maior zelo, alguém sempre pode bater em você.
E se o mercado ultrapassasse os R$ 350,00/@? Como é o nosso teto, o preço máximo a ser recebido seria de R$ 350,00/@. Isso é ruim? NÃO! Pois, é um preço no qual foi calculado e decidido que seria bom para ter uma máxima rentabilidade.
CONCLUSÃO – O mercado está cada vez mais volátil e desafiador (digo isso em pleno cenário de guerra entre Ucrânia e Rússia!) e o hedge está aqui para nos proteger desses riscos que prejudicam a rentabilidade da pecuária.
Uma vez que começamos a nos proteger, tiramos a dependência do mercado e conseguimos ficar cada vez mais EFICIENTES.
Quer se preparar para a pecuária do futuro? Não fique de fora do 10º Simpósio Nutripura.