A recepção de animais é uma etapa crítica na cadeia de produção. É importante possuir uma equipe preparada e estruturas adequadas para realizar a operação da melhor forma. Esses cuidados podem minimizar impactos na saúde dos animais e com isso, otimizar o processamento sanitário e a adaptação à nova dieta.
Em nosso artigo anterior discorremos a respeito da importância no manejo adequado de vacinação a fim de reduzir o estresse animal e prevenir algumas problemáticas decorrentes da incorreta aplicação vacinal. Muito se sabe a respeito dos impactos que o estresse animal pode acarretar na produtividade (ganho de peso reduzido) uma vez que, estes animais apresentam aumento na temperatura corporal, glicólise rápida (podendo acarretar em acidose) e uma desnaturação proteica mais acelerada.
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Além das causas fisiológicas que o estresse pode trazer ao animal, um manejo mal conduzido pode aumentar os riscos de acidentes. As precauções começam desde o transporte, e segue até os animais estarem bem adaptados às suas novas instalações. Trazemos nesse artigo os pontos importantes para você produtor observar durante todo o manejo de recepção dos seus animais.
Conteúdo
PREPARATIVOS PARA A RECEPÇÃO
Antes de receber os animais, é importante certificar que as instalações estão em boas condições de limpeza e adequadas ao uso. É recomendado que haja um curral de recepção e de descanso, onde os animais recém chegados permanecerão por 12 a 48 horas (dependendo da longevidade de sua viagem) contendo água limpa e volumoso de boa qualidade e quantidade. Geralmente essas instalações ficam próximas ao local de processamento do animal e contam com corredores entre as áreas para conectá-las.
Foto: Curral de recepção de animais. Fonte: Kátia Rocha Tonhá, 2021.
Os equipamentos que serão utilizados para a recepção e posterior processamento dos animais, precisam estar em perfeito funcionamento e devidamente higienizados. É necessário que os vaqueiros estejam bem informados e treinados para trabalharem de forma eficiente e segura durante a recepção. A equipe que participará do processamento precisa ser capacitada, a fim de evitar gerar estresse ao animal ou realizar a aplicação medicamentosa erroneamente.
TRANSPORTE
O responsável por fazer o transporte dos animais, precisa ser qualificado e treinado em boas práticas de manejo. É necessário que esse conheça as condições do caminho que irá percorrer e mantenha seu veículo em boas condições de conservação e higiene, além da quantidade de animais de acordo com a capacidade ideal de carga.
Os animais a serem transportados precisam ser separados por categoria e número. Antes da viagem começar, é importante o motorista avaliar se há animais debilitados para que estes sejam separados dos demais e não viajem. Em condições normais os animais permanecem em pé durante todo o percurso, no entanto quando a viagem é longa e cansativa (mais de 8 horas) é inevitável que alguns se deitem.
DESEMBARQUE
Após uma viagem os animais ficam estressados, principalmente depois de longas distâncias. Lembre-se de que durante todo o percurso o animal não ingeriu nenhum alimento ou água, além de permanecerem, em sua maioria e pelo maior período, em pé. Portanto, após chegar ao local de destino, é importante que o desembarque seja feito de imediato.
Caso seja identificado algum animal doente, é necessário que ele seja enviado imediatamente para uma baia enfermaria a fim de receber os devidos cuidados. Não é recomendado vacinar um bovino doente. Vale alertar que após o transporte é normal a temperatura corporal estar elevada, portanto recomenda-se esperar um tempo antes de fazer a verificação da temperatura dos animais.
Em casos de regiões mais quentes, geralmente a verificação da temperatura não é realizada, uma vez que pode ser decorrente de uma hipertemia e não de uma febre. Porém, se o produtor quiser fazer a verificação, é recomendado que seja em períodos mais amenos, nos quais o ambiente não irá interferir na medição.
Durante o processo de desembarque, o ideal é que o manejo seja feito com calma, sem o uso de bastões elétricos, ferrões ou gritos, evitando com isso possíveis contusões. Para garantir a recuperação dos animais após esse estresse, é recomendado que eles sejam mantidos em um curral de adaptação com água limpa em abundância e volumoso de boa qualidade (em quantidade compatível com a categoria e com o número de animais), principalmente no caso de o animal não estar adaptado ao cocho.
O período que os animais passarão no curral de descanso dependerá da distância que o transporte percorreu. Para viagens de até 6 horas, é recomendado que haja um período de descanso de 12 a 24 horas, e quando o transporte superar esse tempo, o período de descanso passa para 24 a 48 horas.
PROCESSAMENTO
Afinal, por que esse período de descanso é importante?
Logo quando um confinamento recebe novos animais, ele é responsável por realizar o processamento sanitário, brincagem, pesagem e marcação deles. Esse processamento é uma nova fonte de estresse aos animais. Restabelecer a hidratação e proporcionar descanso após uma viagem ajudará a garantir melhores respostas aos medicamentos e vacinas.
Mesmo que o consumo durante o período no curral de descanso seja menor, quando esse animal for introduzido em sua baia ele terá uma melhor adaptação ao local, com menores índices de refugo de cocho e maior facilidade no contato com humanos. Quando inserida a nova dieta aos animais recém chegados em suas respectivas baias, ela terá uma melhor adaptabilidade.
Durante toda a condução dos animais para o processamento, é recomendado, novamente, manter a calma, sem gritar ou usar ferrões e bastões elétricos. Este cuidado manterá os animais tranquilos e promoverá uma melhor adaptação ao processamento. Geralmente um curral de descanso facilita o manejo por estar localizado próximo ao tronco, e conter corredores para o encaminhamento do animal a ele.
CONSIDERAÇÕES
Uma recepção adequada dos animais, com as instalações necessárias e higienizadas auxilia na melhor adaptação dos animais no confinamento, na saúde e no bem-estar animal. Esse cuidado refletirá diretamente na resposta aos medicamentos que serão ministrados durante o processamento sanitário de entrada dos animais, assim como em seu desempenho.
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AUTORAS
Kátia Rocha Tonhá, Pós-Vendas na Nutripura, médica veterinária com especialização em clínica e cirurgia em grandes animais pela UFG.
Mariana Colli, analista de Marketing na Nutripura, Engenheira Agrônoma pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ/USP).