Escolha da forragem deve estar alinhada com as condições do solo, clima e ciclo produtivo de bovinos.
O Brasil é um país que tem uma pecuária muito forte e vigorosa. Neste cenário, a principal fonte de alimentação do rebanho de corte nacional e a mais barata é a pastagem. Exatamente por isso, os produtores procuram alternativas que apresentem melhor performance no crescimento, ganho de peso e acabamento de carcaça.
Inicialmente é importante buscar consultoria de profissionais especializados, já que é necessário avaliar as condições do solo, clima e sistema de produção (cria, recria ou engorda). Tais cuidados são essenciais, pois o conhecimento desses fatores influenciará positivamente no resultado do plantio e no efeito nutricional da alimentação dos bovinos.
Escrevemos um artigo sobre a COLETA E AMOSTRAGEM DO SOLO, o passo inicial para seguir com qualquer estratégia.
Partindo da análise das condições do solo, faz-se necessário destacar que a degradação das pastagens ainda é um dos principais entraves da pecuária nacional. Especialistas da Embrapa Gado de Corte destacam que a produtividade de carne em um pasto degradado alcança 30 kg por hectare/ano, enquanto que uma área plantada e bem manejada pode atingir 300 kg/ha/ano.
Por essa razão, a situação das áreas degradadas requer bastante atenção. Dos mais de 160 milhões de hectares de pastagens existentes no Brasil, a maior parte apresenta algum grau de degradação e o número de propriedades rurais que investem na mudança dessa condição ainda é considerado baixo.
Por isso, a necessidade de ter o maior número de informações sobre a área escolhida para o plantio de forragem, além do conhecimento da necessidade e quantidade de adubação são fundamentais.
O passo seguinte é avaliar a questão do custo-benefício da espécie de pastagem com as condições climáticas específicas da região onde está localizada a propriedade rural.
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Avaliação da área de pastagem
O produtor que deseja iniciar o plantio de pastagem, reformar, aumentar ou mudar a espécie cultivada precisa saber a condição da área, pois, dessa forma conseguirá escolher práticas de manejo produtivo mais eficientes.
Diante disso, a equipe técnica do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR) elenca as características de um pasto em degradação:
– Redução progressiva da produtividade da forragem;
– Rebrotação se torna lenta com o passar do tempo;
– Plantas com folhas e touceiras de menor tamanho;
– Aumento da área de solo descoberto e indícios de erosão;
– Maior presença de plantas invasoras;
– Aumento das chances de pragas e doenças.
A partir da análise do grau de degradação será possível planejar quais ações deverão ser adotadas e o grau de prioridade.
Reformar ou recuperar o pasto? Qual a diferença entre as duas práticas e o que se deve levar em consideração na tomada de decisão.
A maior diferença entre recuperar e reformar o pasto é a necessidade do sistema. A escolha pela reforma ou recuperação do pasto depende do grau de degradação e da população de forrageira que ainda existe no local, já que existem áreas degradadas em que as invasoras já tomaram conta, e quase não existe mais pasto.
Em áreas que ainda existe uma população razoável de plantas desejadas, deve-se analisar a recuperação. Para determinar o grau de degradação, segundo Sttodart et. al. (1975), alguns estágios de degradação podem ser facilmente identificados e são característicos da maioria das pastagens degradadas, sendo eles: distúrbio fisiológico da espécie dominante; mudança na composição botânica; e invasão por novas espécies.
Quando a área se encontra em um estágio mais avançado de degradação, pode-se ocorrer o desaparecimento da espécie dominante e, posteriormente, o desaparecimento das invasoras, comprometendo as condições de estabilidade do solo. Basicamente, existem dois parâmetros principais para avaliar o estágio de degradação do solo: diminuição de produção e mudança na composição botânica.
Outro ponto de atenção é seguir o cronograma de entrada e saída dos animais nos piquetes. Isso porque é necessário que a pastagem tenha um período de descanso, adubação e irrigação, de forma que se mantenha o equilíbrio no suprimento de forragem durante todo ano.
Dicas para plantio da forragem
Trouxemos algumas informações valiosas dos pesquisadores da Embrapa, para que os produtores possam formar uma boa pastagem. Como citado anteriormente, o preparo do solo é uma das etapas mais importantes no cultivo das forrageiras.
Contudo, o controle de insetos e pragas está na lista das prioridades, já que evitará infestações e perda do volume de pasto.
As recomendações incluem escolha de sementes de qualidade no plantio, as quais devem ser plantadas conforme indicação da fabricante. Algumas espécies podem ser plantadas a lanço ou no sistema de plantio direto, por exemplo.
Escrevemos um artigo ensinando você calcular o custo-benefício na hora da escolha da semente.
Opções de pastagem
Depois do esclarecimento das etapas necessárias para formação de pastos com qualidade, apresentamos algumas espécies de forrageiras populares no Brasil. Confira as características de cada uma:
Marandu – (Brachiaria brizantha cv. Marandu) gramínea caracterizada pela alta produção de forragem, boa capacidade de rebrota e tolerância ao frio, seca e fogo. A espécie registra produção de 8 a 20 toneladas de matéria seca por hectare/ano (em solos manejados). Aceita muito bem o pastejo rotacionado, produção de feno e silagem.
Piatã – (Brachiaria brizantha – BRS Piatã) apresenta resultados positivos como o Marandu e o Xaraés e exige solos de boa fertilidade. É indicada com eficiência na Integração Lavoura Pecuária (ILP) por oferecer fácil dessecação, manejo e acúmulo de forragem no período de seca.
Paiaguás – (Brachiaria brizantha – BRS Paiaguás) oferece alta produtividade em teor de folhas, além de expressivo valor nutritivo. Um dos diferenciais é acumular forragem de alto valor nutricional no período de seca. Em relação ao ILP, oferece fácil utilização com milho safrinha para produção de forragem no outono inverno, ou palhada para plantio direto.
Planaltina – (Andropogon gayanus) gramínea indicada na formação de novas pastagens. Apresenta compatibilidade com leguminosas, apresentando bons resultados em pastagens consorciadas. Além disso, é tolerante a seca e fogo, apresentando menor índice aos ataques de cigarrinha da pastagem.
Tanzânia-1 – (Panicum maximum cv. Tanzânia-1) indicada para diversificação de forrageiras fornecidas ao gado de corte e resistente à cigarrinha. Apresenta uma alternativa relevante para áreas onde o solo tem maior fertilidade e pode substituir braquiária ou capim-elefante, nos casos de mudança de cultivar.
Xaraés – (Brachiaria brizantha cv. Xaraés) essa forragem apresenta alta produtividade, rápida rebrota e suporta maior período de pastejo em período seco.
Dictyoneura – (Brachiaria humidicola cv. Llanero) é menos exigente em fertilidade de solos e tolerante a solo com maior acidez. A Dictyoneura cresce lentamente e forma estolões. Apresenta boa cobertura solo e qualidade mediana de forragem.
Escolha da espécie forrageira
Cada ecossistema apresenta características diferentes, das quais as diferentes espécies forrageiras se beneficiam mais ou menos. Para formar um pasto sustentável, é necessário conhecer as peculiaridades ambientais, como o clima, solo e topografia.
Também é importante conhecer o histórico da área, como a espécie que era utilizada, o nível tecnológico, a produtividade de anos anteriores, quais invasoras tinham predominância, e as pragas e doenças existentes na área. Mostramos na Tabela 1, adaptada de Santos et al. (dados não publicados), as principais espécies por ano de lançamento e empresa:
Como escolher a forragem ideal
Voltando a recomendação inicial, o produtor precisará de uma consultoria ou assistência técnica especializada para definir a espécie de forrageira que apresenta melhor desempenho na alimentação do rebanho para a sua área e categorial animal. As opções apresentadas fazem parte de um vasto repertório de tecnologias em cultivares pecuários.
Para ajudar no processo de escolha é válido destacar que os bovinos preferem plantas com muitas folhas, pois são elas que alimentam e engordam o animal. As espécies com colmos (hastes) mais desenvolvidos são menos apreciadas, pois são mais duras e consequentemente, mais difíceis de arrancar e mastigar.
Em síntese, as opções de pastagens são diversificadas e apresentam bons resultados econômicos, seja no investimento de plantio ou no ganho de peso animal.
No entanto é necessário esclarecer que algumas condições de manejo apresentam resultados mais positivos no período chuvoso. Com esse entendimento, as indicações para manutenção da produtividade são o diferimento de pasto, produção de feno e forragem, além da suplementação alimentar (grãos e cereais).
Com as informações apresentadas neste artigo, esperamos ter contribuído na tomada de decisão do produtor que avalia o investimento em plantio de pastagens ou ainda, na reforma e aumento da área.
Você já utilizou alguma dessas forragens? Na sua opinião qual a melhor opção?