O sistema de produção que engloba as fases da cria, recria e terminação é chamado de ciclo completo. Cada etapa da produção tem sua particularidade, por isso, optar pela produção do ciclo completo exige atenção específica para cada fase, além da visão de como cada uma funciona dentro do sistema como um todo.
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O sistema – Ciclo Completo
No ciclo completo, o produtor tem a possibilidade de aproveitar do somatório dos lucros de todas as fases de produção pecuária. Bem como poder comercializar bezerros, animais de recria ou animais terminados, ou manter na fazenda, de acordo com o que estiver trazendo maior rentabilidade para o seu sistema naquele momento e cenário. Isso exige em contrapartida, uma gestão refinada dos custos de produção gerais da fazenda e do acompanhamento do mercado.
Para saber sobre a especificidade de cada fase do ciclo de produção, leia os artigos de cria, recria e terminação.
A duração do ciclo completo já foi em torno de 8 anos de produção, mas houve redução na idade de abate e encurtamento do ciclo de produção, graças a aplicação de tecnologias, intensificação e manejo aprimorado.
Quando ocorrem oscilações econômicas, o abate das fêmeas se torna uma alternativa de escape, e com isso o ciclo pecuário se inicia. Conhecer as nuances desse ciclo para a tomada de decisão no gerenciamento da produção faz a diferença no sucesso do negócio.
Optar por realizar o ciclo completo na fazenda apresenta, assim como outros sistemas de produção, suas vantagens, desvantagens e desafios. Para esclarecer a respeito de cada ponto e como trabalhar da melhor maneira para otimizar a produção, listamos abaixo alguns fatores determinantes:
Vantagens do ciclo completo
- Capacidade de trabalhar com uma genética mais apurada, obtendo animais de melhor qualidade, uma vez que é possível melhorar o rebanho, usar sêmen, touros, em favor de otimizar a qualidade do gado em comparação ao rebanho encontrado no mercado.
- Produzir um bezerro mais barato do que o oferecido no mercado. Porém, vale alertar que para que isso aconteça, o sistema de cria deve ser eficiente, caso contrário pode ser gerado um bezerro mais caro do que o ofertado no mercado.
- Diversificar o portfólio de produtos oferecidos ao mercado, podendo o produtor comercializar desde animais de reposição até os animais prontos para o abate.
- Otimizar o uso de áreas marginais da propriedade, especificamente quando esta estiver inserida em uma região agrícola.
Desafios do ciclo completo
- Há a necessidade de uma maior área de terra, isso porque a lotação da fazenda de cria não consegue ser muito alta, principalmente no período de seca. É muito importante que a lotação seja respeitada de acordo com a seca, pois essa limita muito o número de animais que passam na fazenda. Porém existem estratégias e planejamento para mitigar o efeito da seca no sistema de produção, a exemplo do uso de integração lavoura-pecuária, alimentos suplementares para a época seca, confinamento de recria, entre outros.
- Uma área que produz o ciclo completo produz muito menos carne (abate uma menor quantidade de animais), do que uma área de mesmo tamanho que é focada em recria e terminação. A explicação disso está sobre a vaca tomar muito espaço no sistema de produção.
- Ter uma equipe bem treinada para cada fase do sistema de produção.
- Aumentar os índices da cria como: taxa de prenhes, taxa de desmama, lotação de rebanho de cria, com foco em ter o maior número de bezerros desmamados por hectare.
- Intensificação das áreas destinadas a cria, com programa nutricional bem desenhado para ajustes de lotação na seca.
- Implantar o cronograma anual de produção de cada ciclo, em especial da cria, tendo bem definidos os períodos de estação de monta, nascimentos e desmama.
- Protocolos nutricionais bem desenhados e que atendam às exigências nutricionais e produtivas de cada fase de produção.
Considerações
Para desfrutar de todos os ganhos no sistema de produção do ciclo completo, é fundamental que se tenha uma equipe bem treinada e engajada, cronogramas e metas produtivas implantadas, acompanhamento de profissionais capacitados para atuar em todas as fases do sistema de produção.
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Autores
Felipe Coral Voltani, Supervisor Técnico-Comercial na Nutripura, Engenheiro Agrônomo e especialista em produção de bovinos de corte pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ/USP).
Mariana Colli, analista de Marketing na Nutripura, Engenheira Agrônoma pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ/USP).
Pedro Silvestre de Lima, analista de Marketing na Nutripura, já foi monitor do curso Especialização em Nutrição de Ruminantes e Pastagens da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ/USP), trabalhou com consultoria técnica, empreendedorismo, mercado e inovação na pecuária de corte. Hoje atua no fomento e disseminação de informações úteis e relevantes, com foco no lucro sustentável para o produtor rural.