Nos artigos anteriores desta série, abordamos os sistemas de produção das fases de cria e recria. Falamos sobre os principais pontos de foco para otimizar a produção e o rendimento do rebanho, sempre destacando a importância do uso de mão de obra qualificada no manejo dos animais para a obtenção do melhor retorno econômico.
A última fase da pecuária de corte é a terminação, ou como é comumente conhecida, engorda. Nesta etapa o foco é o ganho de carcaça, que corresponde a cerca de 70% do ganho total.
Conteúdo
Pecuária de corte – fase: Terminação
A terminação tem como objetivo fazer o animal atingir peso e acabamento de carcaça adequados.
Com a ajuda de um gabarito de tipificação, é possível notar os quatro parâmetros que estão envolvidos na especificação da carcaça quente, sendo eles: sexo, maturidade, peso e acabamento de gordura. A classificação da carcaça bovina indica a qualidade do acabamento do produto e quanto ele será rentável. É um sistema descritivo subjetivo, que varia de frigorífico para frigorífico, conforme cada programa de bonificação.
O gabarito é utilizado pela indústria para medir o grau de acabamento e a qualidade da carcaça. Para exemplificar, utilizamos um programa de uma determinada indústria, de forma a deixar claro as características desejáveis (cor verde), toleráveis (cor amarela) e indesejáveis (cor vermelha) ao mercado perante este programa. A adequação dessas características pelo pecuarista irá ditar o seu retorno econômico a respeito de seu produto.
A leitura é realizada pela seguinte escala
Acabamento: 1 – Ausente, 2 – Escasso, 3 – Mediano, 4 – Uniforme, 5 – Excessivo.
Maturidade: DIP – Número de Dentes Incisivos Permanentes
Faixa de peso: Arrobas
Figura 1: Classes de acabamento, categorias de maturidade e peso de carcaça quente nos gêneros macho inteiro, macho castrado e fêmea. Fonte: JBS.
Compilamos diversos programas de bonificação de carcaça em uma imagem, como você pode conferir a seguir:
Terminação a pasto tradicional
Esse sistema de produção ainda é o predominante em nosso país. Tendo a pastagem como fonte de volumoso, é interessante fornecer o suplemento adequado, garantindo o suprimento da demanda nutricional para os animais.
Fatores como a qualidade do solo, mudança climática e localização do pasto interferem na qualidade da pastagem. Para tanto, as estratégias de suplementação e manejo devem ser escolhidas de acordo com o objetivo do produtor e da capacidade da fazenda. Vimos, na série de artigos “O QUE É O PASTO?”, como precisamos de muita atenção com o pasto ao longo do ano.
Na época de seca a pastagem fica mais pobre em nutrientes e a suplementação se faz necessária. Por sua vez na época das águas, devido a maior incidência de luz e disponibilidade de água, o pasto pode “passar do ponto” e prejudicar o consumo, assim como o andamento do sistema.
Se quiser ir mais a fundo no assunto de pastagens, pode começar por aqui.
Terminação em confinamento
Quando a terminação é realizada em confinamento, os animais são mantidos em currais com área restrita, onde recebem a água e alimento necessários. Nesse sistema a demanda por investimento é superior se comparado ao sistema a pasto, uma vez que necessita de mais instalações e maquinários. No entanto, o potencial de lucro pode ser superior, devido ao encurtamento do ciclo e a capacidade de giro.
No confinamento, a administração dos animais precisa ser eficiente, com o melhor controle do consumo pelo rebanho. Isso torna possível ajustes na dieta com o objetivo de obter maiores ganhos e resultando na padronização e qualidade das carcaças para comercialização.
TIP: Terminação intensiva a pasto
Neste modelo de terminação, o animal consome a mesma quantidade de concentrado que é fornecido no cocho quando está confinado, o que difere é que neste, o próprio pasto é a fonte de volumoso. Visto isso, podemos notar que pode haver uma boa eficiência e maior bem-estar animal, uma vez que se tem menores custos estruturais e operacionais, facilidade de adaptação dos animais e menores índices de refugo de cocho.
Métricas da terminação
Ao fim da produção do gado de corte, é importante saber analisar o rendimento animal e a produtividade, para assim entender a margem de lucro, ou se houve prejuízo. A terminação tem como objetivo entregar um animal bem acabado, que agregue valor na arroba produzida, idealmente em seu ponto ótimo de abate, pensando no lucro.
Algumas métricas importantes estão listadas abaixo:
GPD – Ganho de Peso Diário:
(Peso final no abate – Peso inicial no nascimento) / dias de vida
GMD – Ganho Médio Diário:
(Peso final na fase – Peso inicial na fase) / Quantidade de dias da fase
GPT – Ganho de Peso Total:
Peso corporal final – Peso corporal inicial
Custo da arroba produzida:
Custo total / total de arrobas produzidas
Conversão Alimentar:
Consumo de Matéria Seca total / total de arrobas ou Kg produzidos
RC – Rendimento de Carcaça (%):
[(Peso carcaça quente – Peso carcaça inicial) x 100] / GPT
GC – Ganho em Carcaça (Kg/dia):
GMD x RC
RGP – Rendimento do ganho de peso:
(Peso da carcaça final – Peso da carcaça final) x 100
Ganho de peso total:
Peso final – Peso inicial
Considerações
O objetivo da fase de terminação consiste no acabamento da carcaça, visto o potencial de agregar qualidade e valor, e com isso ditar o rendimento animal e o retorno econômico ao produtor.
Cada fase do sistema de produção da pecuária de corte tem um objetivo em comum, aumentar a produtividade e otimizar o rendimento do rebanho, visando o ciclo como um todo. Nesta última etapa o ganho de tecido adiposo é o foco, e por isso é muito conhecido como período de “engorda”. Manter os animais sob uma alimentação e suplementação adequadas é fator chave para a obtenção da meta traçada pelo pecuarista.
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Autores
Mariana Colli
Pedro Silvestre de Lima
